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Gnose (conhecimento) |
(Nag Hammadi Codex I)
tua luz, dá-me tua misericórdia, Meu Redentor,
redime-me, pois sou teu; aquele que veio de tí.
Tú és minha Mente; cultiva-me !
Tu és meu tesouro: abre-te para mim !
Tu és minha perfeição; leva-me para tí !
Tú és minha confiança; dá-me a Coisa Perfeita
que não pode ser apreendida !
Eu te invoco, aquele que é, e que pré-existiu no nome,
que é exaltado acima de qualquer outro nome,
Jesus Cristo, o Senhor dos Senhores, o Rei dos aeons;
dá-me as dádivas, das quais não te arrependas,
através do Filho do Homem, do Espírito, do Paráclito da verdade.
Dá-me, através do Evangelista,
autoridade quando te pedires;
e cura para meu corpo quando te pedires,
redime minha eterna alma luminosa e meu espírito
revela em minha mente, o Filho-Primeiro do Pléroma da graça !
Concede-me o que nenhum olho de anjo jamais viu,
e o que nenhum ouvido de arconte jamais ouviu,
e o que não entrou no coração do homem,
e que veio para ser angelical,
e que foi modelado segundo a imagem do Deus psíquico,
quando foi formada no princípio,
pois eu tenho fé e esperança.
E coloca sobre mim o teu amado, eleito,
e abençoada grandeza,
o Filho-Primeiro,
o Criado-Primeiro,
e o maravilhoso mistério de tua casa;
pois teus são o poder e a glória,
o louvor e a grandeza,
para sempre e sempre.
Amen !
Paulo Gnóstico
A questão sobre Paulo, o apóstolo que perseguiu os Gnósticos, conforme o cânone da Igreja e, Paulo o Gnóstico, segundo Valentinus, bispo Gnóstico do século II, permanece. Mas assim como para a Tradição os seus textos têm muitos significados, desde o literal até o secreto passando pelos simbólico, conforme os Valentinianos: Paulo na Epístola aos Romanos, procurava contrastar a salvação efetuada "pelo trabalho"..."de acordo com a lei", com a "redenção" que o eleito recebe "pela graça". Mas para a maioria dos Cristãos lê a carta apenas em termos de sua imagem exterior... Eles deixam de observar que o próprio Paulo claramente coloca em Romanos 2:28f, que os termos Judeu/Gentio não devem ser tomados liteeralmente:
"Ele não é um Judeu, ou seja do círculo exterior, nem é circuncisado, que é exterior na carne; (mas) ele é um Judeu, ou seja do círculo interior, e circuncisado no coração, pneumático (espiritual) não literal..."
A prática de tal exegese permite aos Valentinianos interpretar as epístolas Paulinas
de um modo totalmente novo. Eles consideram a questão literal da relação entre Judeus e
Gentios como uma questão do passado. O que os interessa mais é a questão de como eles
(os Gnósticos) Cristãos pneumáticos, iniciados nosmistérios secretos do Cristo,
relacionam-se com a massa de crentes "de mente simplória" e radicais. Eles
percebem que este problema tem a ver com a relação "poucos"para
"muitos" e de "escolhidos" para "chamados", desde a época
em que o Salvador escolheu iniciar apenas uns poucos no significado secreto de suas
parábolas, e deliberadamente os deixou obscuro para aqueles "externos ou
exteriores".
Assim concluem que este é o problema perene, isto é, a relação entre os "poucos
escolhidos", os "eleitos" e os "muitos psíquicos" que são os
"chamaddos", a quem Paulo pretende expor em sua carta aos Romanos.
texto baseado em "The Gnostic Paul - Gnostic exegesis of the Pauline letters" de Elaine Pagels