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C a b a l a ( tradição )


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13 - Luz e Trevas

Em seu livro "An entrance to the Tree of Life", Rabi Yehuda Ashlag nos fala sobre a Luz (Uma introdução sobre a Árvore da Vida, Capítulo 2):

... Agora nosso professor, Rabi Yitzhak Luria de memória abençoada, calculou para nós que as dez Sephiroth: Kether (Coroa), Hokhmah (Sabedoria), Binah (Inteligência) Hesed (Misericórdia), Gevurah (Julgamento), Tiferet (Beleza), Netzah (Tolerancia Perpétua), Hod (Majestade), Yesod (Fundação do Mundo) e Malkhut (Reino), são, na verdade, apenas cinco aspectos: Kether (Coroa), Hokhmah (Sabedoria), Binah (Inteligência), Ze'eir Anpin (Face Pequena) e Malkhut (Reino). E este é o segredo (Sod) do nome de quatro letras IHVH. Pois o ponto acima do Iod é Kether (Coroa), o próprio Iod é Hokhmah (Sabedoria), o Hei é Binah (Inteligência), o Vav é Ze'eir Anpin (Face Pequena), que inclui as seis Sephiroth: Hesed (misericórdia), Gevurah (Julgamento), Tiferet (Beleza), Netzah (Tolerância Perpétua), Hod (Majestade), Yesod (Fundação do Mundo) - e o Hei final é Malkhut (Reino).

Agora devemos saber que as letras e o Sephiroth são realmente um só e o mesmo. Entretanto, de acordo com o princípio geral que nenhuma Luz se espalha sem que haja um veículo, quando falamos de ambos em conjunto - isto é dizer quando a Luz é revestida por um veículo - elas são chamadas Sephiroth. Mas quando falamos dos veículos sózinhos, eles significam apenas as letras.

Este é um segredo (Sod) que pode ser encontrado no Livro de Maor (A Lâmpada), onde se diz que a parte branca do rolo da Torah, alude à Luz, e a parte negra - o que é dizer as letras - alude aos veículos.

Esta explanação está alinhada com a explanação que Nahmanides (Ramban), de memória abençoada, deu para o segredo (Sod) so verso (Isaías 45:7): "Eu formo a Luz e crio as Trevas".

Ele explicou que: derivar a existência, da não existência é chamado de "criação", pois corresponde a invenção do que não existia anteriormente à sua criação. Assim, para a Luz e todo os bens e prazeres que estão contidos na Luz, não há nenhuma invenção ou criação de existência a partir de não existência, pelo contrário, aqui a existência deriva da existência. Pois a Luz e e todos os seus bens estavam já contidas na essência do Todo Poderoso. Consequentemente,explica-se o verso Eu FORMO a Luz, pois não era uma questão de criação mas sim de formação.

Isto é o mesmo que dizer que o Todo Poderoso formou a Luz de tal modo que aqueles vivendo abaixo seriam capazes de recebê-la.

Mas as trevas ou escuridão, são uma invenção que foi inventada; como a criação que deriva da existência a partir da não existência. Isto significa que as trevas nunca foram contidas na essência do Todo Poderoso, consequentemente o verso diz: "E CRIO as Trevas (ou a Escuridão)".

Agora que sabemos que a escuridão é exatamente o oposto da Luz, é necessário entender a questão: como foi possível que as trevas deveriam se extender e se derivar da Luz ?

É bem conhecido, que de acordo com o Zohar, o propósito da Criação era que o Todo Poderoso deveria dar prazer aos Seus seres, que Ele criou. Pois esta é da natureza do bem: fazer o bem.

Assim, está claro, que qualquer desejo que existisse no Todo Poderoso tornar-se-ia necessáriamente uma lei para os seres criados.

Assim, desde que o Todo Poderoso desejou dar prazer aos Seus seres criados, foi imediatamanete implantada uma natureza, nos seres criados, segundo a qual deveriam desejar receber Seu prazer. Isto é o mesmo que dizer que eles deveriam possuir um gande desejo de receber Sua abundância... Você deve saber que este desejo é chamado "veículo".

Os cabalistas, dizem portanto, que não pode haver nenhuma luz, sem um veículo. Pois o "desejo de receber" que está contido em cada ser criado e emanado é o veículo. Isto também explica o seu total de Luz, pois cada um recebe exatamente a quantidade que deseja, nem mais, nem menos !

Está claro que o veículo tem uma forma diferente da Luz, por essa razão é distinguido pelo nome "veículo" e não pelo nome "Luz".

Esta questão de "diferença de forma" requer entendimento: O "desejo de receber" é por sí próprio uma tremenda "diferença de forma" porque esta forma não é, de modo nenhum, encontrada no Emanador Todo Poderoso, Nele-Mesmo, pois de quem iria Ele receber ? Pelo contrário, este "desejo de receber" foi inventado derivando-se sua existência da inexistência logo durante a primeira emanação onde ele recebe da Causa das Causas (Panim Masbirot, secção I).

Deve estar claro agora a assertiva do Zohar: "A coroa sublime (Kether) é negra em relação à Causa das Causas". Esta referência diz respeito ao aspecto do "desejo de receber", que está contido na primeira emanação. Esta "diferença de forma" é chamada "negra", porque não é encontrada no Emanador. É portanto a raíz da escuridão, que possui a cor negra quando comparada com a luz, porque é o seu oposto.

Então todas as partes de todas as categorias espirituais, Inanimada, Vegetativa, Animal e Humana, que estão no mundo que corresponde à Sephirah Maklhut (Reino) do mundo da Ação, irão ajudar e assistir o semblante (Parzuf) da Alma (Nefesh) dos homens que ascenderem até lá; ou seja dizer, que a Alma (Nefesh) lhes deu entendimento intelectual.São estes conceitos, que se tornam sua comida espiritual e lhes dão a força para multiplicar e se tornar maior, de tal modo que possam extender a Luz da Sephirah Malkhut do Mundo da Ação em toda sua compleição, e então iluminar o corpo físico do homem. Pois esta Luz perfeita ajuda ao homem a aumentar seus esforços na Torah e no Mitzvot e a receber os níveis que faltam.

Como dissemos anteriormente, assim que o corpo físico de um homem nasce, um ponto da luz da Alma (Nefesh) também nasce e torna-se "vestido" por êle, nesse caso, quando o semblante (Parzuf) da sagrada Alma (Nefesh) passa a existir, existe junto com ela um ponto de um nível que é mais alto, que neste caso é o aspecto seguinte da Luz do Espírito (Ruah) no Mundo da Ação. Este ponto veste-se a sí próprio nas partes mais profundas do semblante (Parzuf) da Alma (Nefesh).

O mesmo processo ocorre em todos os níveis. Sempre que um nível passa a existir, o aspecto seguinte e acima deste nível se extende a êle.

Esta conecção entre níveis mais altos e mais baixos se extende até os níveis mais elevados e é o ponto através do qual se pode passar aos níveis mais altos.

A Luz desta Alma (Nefesh) é chamada de Luz Inanimada da santidade do Mundo da Ação. Isto é porque ela correponde a pureza da parte Inanimada do "desejo de receber" que está dentro do corpo do homem. Além disso as ações doadoras de luz, no ambito espiritual, são similares as das espécies Inanimadas da esfera material. Isto é o mesmo que dizer que nenhum de seus componentes tem qualquer movimento individual. Similarmente a luz do semblante (Parzuf) da Alma (Nefesh) da Ação ou Realização, mesmo que tenha 613 limbos os quais possuem 613 formas diferentes de receber a abundancia de luz, estas diferenças não podem ser notadas. Tudo o que é aparente é a totalidade de luz que abrange igualmente, sem possibilidade de se distinguir as partes individuais.

Você deve saber que mesmo que o Sephiroth seja divino, e não haja nenhuma mudança ou diferença de forma desde o topo da Coroa (Kether), que é o homem primordial (Adam Kadmon) até o fim da Sephirah Malkhut (Reino), que é o mundo da Ação ou da Realização, existe uma grande diferença para aqueles que o recebem. Porque o Sephiroth é referido como Luzes e Veículos. A Luz que está no Sephiroth é divindade pura, mas os veículos, que são chamados de Kether, Hokhmah, Binah, Tiferet e Malkhut, e são encontrados em todos os três mundos de nível inferior (que estão abaixo de Atziluth o Mundo da Emanação): Mundo da Criação, Mundo da Formação e Mundo da Realização ou da Ação, não são eles mesmos aspectos da divindade, mas aspectos das coberturas que ocultam ou escondem a luz do Abençoado Sem-Fim, que está nelas.

Elas medem uma quantidade fixa de iluminação para aqueles que a recebem de tal modo que cada um deve somente receber de acordo com a proporção de pureza que está nele.

Isso explica porque mesmo que a Luz que está no Sephiroth seja uma só, nós a chamamos de Espírito Primitivo (Nefesh), Espírito (Ruah), Alma (Neshamah), Vida (Hayyah) e Individualidade (Yehidah).

As luzes são divididas, de acordo com seus veículos. A Sephirah Malkhut é a cobertura mais espêssa que esconde ou oculta a luz do Abençoado Sem-Fim. A luz que ela transmite Dêle para aqueles que a recebem, vem apenas em pequenas quantidades e está conectada a pureza sómente da parte Inanimada do corpo de um homem, consequentemente é chamada e Espírito Primitivo (Nefesh). Ao passo que o veículo de Tiferet (Beleza) é mais refinado que o veículo de Malkhut (Reino), e a luz que ele transmite do Abençoado Sem-Fim está conectada à parte Vegetativa do corpo do homem, porque ela o ativa mais que a luz de Nefesh (Espírito Primitivo), ela é chamada de: Luz de Ruah (Espírito).

O veículo de Binah (Inteligência) é mais refinado que o de Tiferet (Beleza), e a luz que transmite do Abençoado Sem-Fim é conectada a parte Animal do corpo de um homem; esta luz é chamada de Neshamah (Alma).

Entretanto o veículo de Hokhmah (Sabedoria) é mais refinado que todos os outros, e a luz que êle transmite do Abençoado Sem-Fim está conectada à pureza da parte Humana do corpo do homem, e esta luz é chamada de Hayyah (Vida ou vivendo) e seus efeitos são ilimitados.

Como anteriormente relatado, torna-se vestido no semblante (Parzuf) da Alma (Nefesh) que a pessoa adquire através da ocupação de sí mesmo com a Torah e com o Mitzvot (sem a intenção apropriada), um ponto da luz do Espírito (Ruah).

Quando uma pessoa se fortifica e se ocupa com a Torah e com o Mitzvot (com a intenção correta), ela gradualmente purifica a parte Vegetativa do aspecto do "desejo de receber" que está nela, e então procede, proporcionalmente, para construir o ponto no Espírito (Ruah) para um semblante (Parzuf) completo; pois é através dos 248 Mitzvot Positivos realizados com a intenção adequada que o ponto torna-se difuso nos nos seus 248 limbos espirituais.

Através da realização dos 365 Mitzvot Negativos o ponto torna-se difuso em seus 365 poderes.

Então quando ele está totalmente difuso através dos 613 limbos, ele ascende e veste a Sephirah Tiferet (Beleza) que está no Mundo espiritual da Ação ou Realização, o qual trás para sí a luz superior do Abençoado Sem-Fim, chamada de Espírito (Ruah), a qual é dirigida para a purificação da parte Vegetativa do corpo do homem. Então, tudo que pertence as partes Inanimada, Vegetativa e Animal que estão no Mundo da Ação e que estão relacionadas com a estrutura de Tiferet (Beleza) ajudam no semblante (Parzuf) do Espírito (Ruah) do homem que recebe as luzes da Sephirah Tiferet em toda sua amplitude, da mesma forma que foi explicada previamente em relação ao Espírito Primitivo (Nefesh).

É ocupando-se com os segredos esotéricos da Torah e com as razões ocultas do Mitzvot, que o homem purifica a parte Animal do seu "desejo de receber". Ele então, constroi o ponto de sua Alma (Neshamah).

Depois que o homem atinge a grande Luz da Alma (Neshamah), então a porta está aberta para que possa se ocupar com a verdadeira concentração interior sobre cada Mitzvot. Então com a grande força e poder desta Luz ele procede a sua ascenção na construção do ponto de Luz de Hayya (Vida), e para vestir a Sephirah Hokhmah (Sabedoria).

Entretanto até agora, tudo que foi mencionado sobre todos estes cinco aspectos da Luz Nefesh, Ruah, Neshamah, Hayyah e Yehidah, que são recebidos no mundo da Ação são meros aspectos de Nefesh, Ruah, Neshamah e Yehidah da Luz do Espírito Primitivo (Nefesh). Eles, portanto, não contém nenhum dos aspectos do Espírito Ruah.

A Luz de Ruah, só poderá ser encontrada no Mundo da Formação - Yetzirah , e a Luz da Alma (Neshamah) só pode ser encontrada no Mundo da Criação - Briah, a Luz de Hayyah (Vida) só pode ser encontrada no Mundo da Emanação - Atziluth, e a Luz de Yehidah (Individualidade) só pode ser encontrada no Mundo do Homem Primordial (Adam Kadmon).

Entretanto, como colocado anteirormente, tudo que existe na totalidade também existe nas partes Individuais, mesmo na menor delas. Assim a distinção entre cada um dos Mundos, com ou outros, deve ser entendida através da distinção dos cinco aspectos de Nefesh, Ruah, Neshamah, Hayyah e Yehidah.


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